Caraminholas de uma estagiária
Só trabalhar com papéis faz tudo parecer frio, acabo me esquecendo que por trás de todos aqueles nomes e números, existem pessoas, pessoas como eu, com sonhos, que sentem dor, fome, desejos... O sistema de justiça não é justo, é desumano, lento, corrupto e seletivo. Mas quando vou fazer atendimento, quando os papéis ganham corpo, tudo muda, sei que auxiliar meia dúzia de pessoas não muda muita coisa, mas mesmo assim, é alguma coisa. Em momentos como esse, sei que escolhi o curso certo, quero que meus conhecimentos sirvam ao povo, pois sei que não serei livre, enquanto meus pares não forem, mesmo que as correntes deles sejam diferentes das minhas , foi isso que aprendi com a Audre Lord, é o que tento pôr em prática todos os dias. Eu quero um mundo livre de crueldade. Texto de Aryelle Almeida