Vá estudar, meu bem.

 

Tem sido difícil manter o ritmo de estudo com todas essas bombas diárias chegando pelas telas, mas seguimos firme e forte na batalha, afinal estudar é também uma estratégia de sobrevivência para nós pretos e pretas. As salas de aulas mais nos deformam do que formam conhecimento, geram cicatrizes e antes mesmo que nós entendamos, as portas se fecham e nos deixam em um não lugar.

E é por esse não espaço e a muitos outros fatores que muitos de nós abandonam os estudos. Mas estudar é preciso, não só para adquirir as verdades acadêmicas, mas também para nos conhecer, para entender nossa história, conhecer as histórias que não nos contam e as estratégias utilizadas para nos subjugar. Por isso é importante estudar, e para nós, pessoas de cor, só nos resta ser autodidata e trocar com os nossos, por que se nós não corrermos atrás, não serão as pessoas brancas que vão nos fornecer ajuda.

Tudo que nós tem é nós

Então preta, preto, não se esqueça nem deixe que digam o contrário: estudar é coisa de preto, ser doutora é coisa de preta, ser bilíngue, nerd, químico, matemático, arquiteta, advogada, juíza, prefeita, vereador, presidenta, seja o que for, nós podemos ser, porque se lugar nenhum nos pertence, nós ocuparemos todos eles, afinal “se Palmares não vive mais faremos Palmares de novo”…

Aquilombemos!

Lembremos do que nos ensina Conceição Evaristo:

É tempo de caminhar em fingido silêncio,
e buscar o momento certo do grito,
aparentar fechar um olho evitando o cisco
e abrir escancaradamente o outro.
É tempo de fazer os ouvidos moucos
para os vazios lero-leros,
e cuidar dos passos assuntando as vias
ir se vigiando atento, que o buraco é fundo.
É tempo de ninguém se soltar de ninguém,
mas olhar fundo na palma aberta
a alma de quem lhe oferece o gesto.
O laçar de mãos não pode ser algema
e sim acertada tática, necessário esquema.
É tempo de formar novos quilombos,
em qualquer lugar que estejamos (...)

Texto de Aryelle Almeida

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